Seminário “Incerteza, Tecnologia e Humanidade”

17 de março de 2025

No dia 17 de março, aconteceu na Casinha o encontro “Como pensamos as ideias que nos desorientam e orientam o mundo digital.” O diálogo com o jornalista Eugênio Bucci foi conduzido pela historiadora Ana Paula Tavares, com apresentação de Márcia Azevedo. A conversa, iniciada entre eles, fez com que todos sentissem vontade de participar.

Tendo o livro Incerteza, um ensaio como base para a conversa, pensamos sobre como os regimes autoritários, fundamentados sempre em certezas dogmáticas, têm se beneficiado do momento que estamos vivendo em relação às novas tecnologias. Não podíamos deixar de lembrar do capítulo “O grande Inquisidor”, presente no livro Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski, em que o Inquisidor tem um monólogo com Jesus sobre a liberdade que, para ele, os seres humanos são incapazes de suportar. Os tiranos e os regimes populistas oferecem às pessoas uma falsa certeza na qual podem se apoiar. Bem diferente do espírito dos cientistas, que são movidos pela incerteza e pela vontade de saber.

Nunca foi tão importante estarmos conectados com nós mesmos e com a nossa história como seres humanos, para não ficar reféns da quantidade de certezas que os algoritmos parecem ter sobre nós. Eugênio enfatizou como é necessário não ter um olhar ingênuo sobre isso, precisamos conhecer profundamente as novas tecnologias. Nos debruçar sobre esse tema é um ato de otimismo. “A missão da modernidade se resume a gerar novas incertezas. Quem for capaz de jogar com elas, caminha para a frente.”

O encontro terminou com as palavras de Ana Paula: muito maior que a crise tecnológica que estamos vivendo, é a crise ética. A construção de uma nova ética precisa estar baseada nos encontros humanos genuínos.

Comentários de alguns participantes:
Moisés Caetano
Não consegui participar presencialmente, mas corri para casa para acompanhar… E que presente, que noite! Para mim, misturou muito a ciência com a poesia… A necessidade, riqueza da incerteza e o respiro da esperança.
Foi mágico ter a oportunidade de ouvir o Eugênio falar. Mais do que o conhecimento técnico dele, eu gostei da sensibilidade, um técnico de alma alada, falou sobre a falta de tempo, mas ainda não conhecia a casinha, não sabia que aí nós descolamos do tempo cronológico e adentramos o tempo da arte, da poesia.
Foi incrível o momento em que ele contou sobre o nascimento do livro. Ele foi chamado a participar de um seminário sobre tecnologia e seus amigos falaram que não entenderam nada de sua fala. Um tempo depois, ele estava no avião, viajando com sua família e começou a escrever uma carta para explicar o que pensava e tentar se fazer entender. A carta ficou tão grande, que precisava ser publicada, mas para se tornar livro, tinha que acrescentar algo, por isso, decidiu fazer os desenhos, que contribuem para amplificar a compreensão desse universo complexo.

Rodrigo Ho Yeong Goes Son
A palestra sobre o livro "Incerteza, um ensaio" feita por Eugênio Bucci foi um encontro na casinha onde tiveram vários tipos de pessoas convidadas para tirar suas dúvidas sobre o livro assim como ter a visão do próprio autor sobre o assunto em um ambiente rodeado por incertezas.
Eugênio compartilhou sua visão sobre o assunto, além do processo para a criação do livro, junto de esclarecimentos e opiniões sobre o futuro da sociedade com as constantes novidades tecnológicas.
Todos os ouvintes da palestra tiveram sua vez para dar as próprias opiniões e perguntas, com não apenas Eugênio respondendo, mas com uma conversa entre os ouvintes discutindo o assunto.

Isabel de Castro
O que ficou para mim foi a força das incertezas. Se elas me paralisavam, agora, depois dessa conversa maravilhosa, são motivo para me jogarem para cima. Isso foi uma revolução na minha vida pessoal.

Veja nosso seminário na íntegra pelo youtube: