Nos Círculos de Leitura os participantes leem em voz alta, muitas vozes, a sonoridade e a musicalidade das palavras despertam o saber do corpo, deixando aflorar os sentimentos, que são o alicerce da mente. Acreditamos que o grupo é um espaço privilegiado para que ocorra o trânsito de energias. Nessa ação simultânea, todos os tempos convergem e a “inteligência coletiva” se manifesta no aqui e agora. É essencial criar um ambiente acolhedor em que as pessoas, sentadas em círculo, possam olhar e ouvir umas ás outras. O que se observa no grupo é a circulação de uma energia que se transforma em sinergia, transcendendo a realidade imediata. Nessa combinatória de ideias e emoções, que nunca podemos prever ao certo como se configurará, o grupo se torna o espaço novo, onde o inédito emerge espontaneamente e, por isso, a surpresa e o encanto diante dessa vivência transformadora.

Faz parte também da metodologia aprender a demorar-se, se concentrar na leitura. Desse modo atingimos umas das tarefas primordiais de que nos fala o escritor Elias Canetti: “Criar mais e mais espaço dentro de si próprio…espaço para seres humanos com os quais convivemos“. Assim, quando falamos de uma obra, é de uma forma familiar que envolve aquele que está nos ouvindo. Ao ler um livro percebemos que o escritor, em algum momento, conseguiu fazer uma conexão com as “forças cósmicas”, algo essencial se apresentou a ele, se revelou naquele instante. Quando selecionamos aquele parágrafo é como se tirássemos uma fotografia e, no grupo, através de uma leitura atenta, parando e repetindo aquela passagem, a fotografia daquele parágrafo se revela, através da livre associação dos participantes. Aquela luz de conhecimento é refletida e, no grupo, ganha intensidade.